Páginas

Seguidores

terça-feira, 28 de maio de 2013

O HÁBITO NOCIVO



Hábito é o que incorporamos ao nosso dia a dia. É nossa maneira usual de ser. É o que realizamos de forma mecânica.
Atitudes que assumimos e realizamos, sem nos darmos conta.
Vejamos: quantas vezes já nos aconteceu de chegar  em casa e colocar as chaves sobre algum lugar?
Tão mecanicamente é executada a ação que, ao precisar das chaves, algum tempo depois, não conseguimos recordar onde as deixamos.
Saímos de casa, apagamos as luzes, passamos a chave na porta. Depois de andarmos algumas quadras, nos questionamos se fechamos ou não a casa.
E precisamos retornar para ter a certeza, a fim de que não permaneçamos o restante do dia em desassossego.
Muitas outras coisas fazemos de forma automática.
Tomamos café, regamos as plantas, alimentamos o gato, sem pensar.
Ao lado dessas questões, outros hábitos temos não muito saudáveis. E, por incorporados à nossa forma de ser, não nos apercebemos o quão danosos são.
É comum se observar, antes de uma palestra ou conferência, um grande burburinho pelo salão.
Natural, num primeiro momento, pelo reencontro com amigos, cumprimentos, saudações, sorrisos. Torna-se desagradável quando uma música se faz presente, e não modificamos nossa postura.
Alguém toca ao piano delicada melodia, ou dedilha um violão, ou canta e nós prosseguimos a falar, como se nada estivesse acontecendo.
A impressão que se têm é que chegamos ao local programados para ouvir a palestra. E tudo o mais que antes aconteça, não tomamos conhecimento, não registramos.
Mau hábito, que caracteriza, inclusive, grande indelicadeza de nossa parte, desde que o artista que vai se apresentar naquele momento, merece, ao menos, que permaneçamos em silêncio, para ouvir a sua arte.
E não menos grave é quando, concluída a palestra que nos propusemos ouvir, de imediato, nos erguemos e saimos com ruído.
Não aguardamos a real conclusão do evento para um lembrete final que se fará, um agradecimento ao orador, uma advertência útil.
E o mesmo se repete nos cinemas quando, acabado o filme, nos levantamos e vamos saindo, esquecidos de que muitos apreciam ver todos os créditos.
O que não lhes é permitido porque em nos levantando, obstruímos a sua visão da tela.
É essa mesma atitude que nos permite observar a miséria perambulando pelas ruas, sem que nos atinja. Habituamo-nos de tal sorte às cenas que nos tornamos insensíveis.
Habituamo-nos a ver a corrupção triunfar, que já não desejamos fazer coisa alguma para a debelar.
Hábitos... Hábito de ver a mentira adquirir forma, volume e não emitirmos movimento algum no sentido de esclarecer a verdade, de defender o caluniado.
Hábito de receber a bênção da chuva, os raios do sol, as carícias do vento, sem nenhuma gratidão. Como se o Universo inteiro nos devesse o favor de servir.
Hábito de não ouvir quem nos fala da sua dor, da sua dificuldade. Hábito de não pensar senão em si mesmo.
É hora de parar para pensar e buscar refazer atitudes.
Reflitamos que o bom da vida é viver. E para viver intensamente é preciso se sentir tudo que se faz, tudo que nos chega.
É preciso olhar em torno, estar presente, agir, tomar atitudes pensadas, atentas.
Desta forma, alteremos o rumo.
Aprendamos a observar o dia, a olhar as pessoas nos olhos, a perceber o que acontece ao nosso redor.
Moldemos hábitos de gentileza, de delicadeza, de gratidão.
Vivamos mais conscientes. Aprendamos a sentir prazer nas pequenas coisas como andar, correr, comer, molhar-se na chuva ou aquecer-se ao sol.
Aprendamos a olhar para as estrelas, a nos extasiar com a noite enluarada, a vibrar com a música, o perfume, as pessoas.
Abandonemos hábitos nocivos e nos tornemos mais felizes, desde agora.

Redação do Momento Espírita. Em 13.09.2010.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

AMOR A DEUS




Você ama a Deus?
Ou será que você tem medo de Deus?
Ainda nos dias de hoje se ouve a expressão: Cuidado, Deus castiga.
Ou então: Ele é um homem temente a Deus. Temente quer dizer que teme, que tem medo.
As frases são muito infelizes. E não verdadeiras. Por que temer a Deus?
Se ficarmos com o conceito de Moisés, o grande legislador do povo hebreu, com certeza teremos medo da Divindade.
Porque, ao apresentar a ideia de Deus aos homens daquela época, mais ou menos quatro mil anos atrás, Moisés O apresentou como ciumento, vingativo.
Um Deus injusto, pois punia um povo inteiro pela falta do seu chefe.
Era o Deus dos exércitos que presidia aos combates contra o Deus dos outros povos.
Um Deus que recompensava e punia só pelos bens da Terra. Que fazia se acreditasse que havia felicidade na escravidão dos outros povos.
Mas, depois de Moisés veio Jesus. E uma das partes mais importantes da revelação do Cristo é o ponto de vista pelo qual Ele nos apresentou Deus.
O Pai que ama aos Seus filhos. Soberanamente justo e bom. Cheio de mansidão e de misericórdia.
Pai que perdoa as faltas dos Seus filhos e dá a cada um segundo as suas obras. O Pai de todas as criaturas, que estende a Sua proteção por sobre todos os Seus filhos.
Deus que diz aos homens: A verdadeira pátria não é deste mundo.
Deus de misericórdia que diz: Perdoai as ofensas se desejais ser perdoados, fazei o bem em troca do mal. Não façais o que não quereis que vos façam.
Deus grande que vê o menor pensamento de Seus filhos e que não dá importância à forma com que esses filhos O honram.
Não é um Deus para temer. É um Deus para amar.
Tudo na Criação revela o amor de Deus por Seus filhos. O Universo é um poema de beleza e perfeição.
A Terra preparada até os mínimos detalhes para que o homem nela possa viver e progredir.
As sementes que reproduzem segundo sua espécie e saciam a fome.
Os rios, lagos e vertentes que propiciam o líquido precioso.
As estações com suas características. As variedades infinitas de plantas, de animais.
Deus que cria Espíritos simples e ignorantes e os coloca nas Suas moradas, os mundos, para progredirem, conquistarem sabedoria até a perfeição.
Deus que ama.
*   *   *
Deus quer o seu progresso. Deus quer o seu bem-estar, que seja fruto de uma vida saudável, que resulta de um aprimoramento moral.
Deus quer a sua paz legítima, depois de acalmados os anseios do seu coração e regularizados os débitos da sua consciência.
Deus quer o seu amor, superadas as instabilidades da sua emoção.
Deus quer o melhor para você.
Se você ainda não descobriu como, guarde a certeza de que Ele concede todos os dias os meios para conseguir tudo isto, em definitivo. Sem chance de perder.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 1, itens 23 e 25 do livroA gênese, de Allan Kardec, ed. Feb;  no cap. 21 do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no texto das páginas 22/23 da Revista O espírita, de out/dez 1995, nº 90. Disponível no cd Momento Espírita, v. 1 , ed. Fep. Em 03.10.2011.

Fonte: http://www.momento.com.br 

terça-feira, 21 de maio de 2013

OS DEZ MANDAMENTOS - Marcelo Peruzzo

Descrição: Programa especial sobre a pesquisa dos Dez Mandamentos de Deus e os Pecados Organizacionais. Vale a pena escutar!

PERFIL DE JESUS




Toda especial foi a Sua vida.
Anunciado por profecias, sonhos e anjos, Ele esteve aguardado pela ansiedade do povo, pelo orgulho nacional de raça e o despotismo dos dominadores políticos que O desejavam guerreiro arbitrário e apaixonado.
Quando o silêncio espiritual pairava em Israel, Ele nasceu no anonimato de uma noite   gentil, numa manjedoura, cercado por animais domésticos e assistido pelo amor dos pais humildes, sem outras testemunhas.
Seus primeiros visitadores eram amantes da natureza, pastores simples, logo seguidos por magos poderosos, num contraste característico, que sempre assinalaria a Sua jornada entre os homens.
Nas paisagens de Nazaré Ele cresceria desconhecido, movimentando-se entre a carpintaria do pai e as meditações nas campinas verdejantes, confundido com outros jovens sem qualquer destaque portador de conflitos antes da hora.
Amadureceu no lar como o trigo bom no solo generoso, e, quando chegou a hora, agigantou-Se na sinagoga, desvelando-Se e anunciando-Se.
Incompreendido, como era de esperar-se, saiu na busca daqueles que iriam segui-Lo e ficariam como pilotis da­ Nova Era que Ele iniciava.
No bucolismo da Galiléia, pobre e sonhadora, fértil e rica de beleza, Ele começou o ministério que um dia se alargaria por quase toda a Terra, apresentando o programa de felicidade que faltava às criaturas.
Jamais igualado, Sua voz possuía a mágica entonação do amor que penetra e dulcifica, ensinando como ninguém mais conseguiu fazê-lo.
A majestade do Seu porte confundia os hipócritas e desarmava os adversários gratuitos, pela serena inocência, profunda sabedoria e invulgar personalidade.
Nunca Se perturbou diante das conjunturas humanas, sobre as quais pairava, embora convivendo com gente de má vida, pecadores e perversos, pobres desesperados e ricos desalmados, vítimas morais de si mesmos no vício e perseguidores contumazes...
Ele compreendia a pequenez humana e impulsionava os indivíduos ao crescimento interior, às conquistas maiores.
Penetrando o futuro referiu-Se às hecatombes que a insânia humana provocaria, mas apresentou também a realidade do bem como coroamento dos esforços e sacrifícios gerais.
Poeta, fez-Se cantor.
Príncipe, tornou-Se vassalo.
Senhor, converteu-Se em servo.
Nobre de origem celeste, transformou-Se em escravo por amor.
Ninguém disse o que Ele disse, conforme O fez e O viveu.
Jesus é a síntese histórica da ascensão humana.
Demarcando as épocas, assinalou-as com o Estatuto da Montanha, em bem-aventuranças eternas.
Nem a morte O diminuiu. Pelo contrário, antecipou-Lhe a luminosa ressurreição, que permanece como vida de sabor eterno, varando as Eras.
Grandioso, hoje como ontem, é o amanhã dos que choram, sofrem, aguardam e amam.
Sua veneranda Presença paira dominadora sobre a Humanidade, que nEle encontra o Alfa e o Ômega das suas aspirações.
Jesus é a Vida em representação máxima do Criador, como Modelo para a Humanidade de todos os tempos.
Unamo-nos a Ele e vivamo-Lo. 

Redação do Momento Espírita, com base no  cap. 25, do livro Perfis da vida, pelo Espírito Guaracy Paraná Vieira,  psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Disponível no CD Momento Espírita, v. 1, ed. Fep. Em 11.01.2010.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

DOENÇAS E AUTOCURA - Programa Transição de 02-12-12

A ALMA DEPOIS DA MORTE - Programa Transição de 20.01.13

A CASA MENTAL





Nossa mente é como uma casa. Pode ser grandiosa ou pequenina, suja ou cuidadosamente limpa. Depende de nós.
Você já observou como agimos com relação aos pensamentos que cultivamos?
Em geral, não temos com a mente o cuidado que costumamos dispensar aos ambientes em que vivemos ou trabalhamos.
Quem pensaria em deixar sua casa ou escritório cheio de sujeira, acumulando lixo ou tomado por ratos e insetos?
Certamente ninguém.
No entanto, com a casa mental somos menos atenciosos. É que permitimos que pensamentos infelizes e maus sentimentos encontrem morada em nosso coração.
E como fazemos isso?
Agimos assim quando permitimos que tenham livre acesso às nossas mentes os pensamentos de revolta, inveja, ciúme, ódio.
Ou quando cultivamos desejo de vingança, rancor e infelicidade.
Nesses momentos, é como se enchêssemos de sujeira a mente. Uma pesada camada de pó cobre a alegria e impede que estejamos em paz.
Além da angústia que traz, a mente atormentada influencia diretamente o corpo, acarretando doenças e sofrimentos desnecessários.
E pior: contribui para o isolamento.
Sim, porque as pessoas percebem quando não estamos bem espiritualmente.
O azedume de nossas palavras, o rosto contraído, tudo faz com que os outros desejem se afastar de nós, agravando nossa infelicidade.
E o que fazer para impedir que isso aconteça?
A resposta foi dada por Jesus: Orar e vigiar.
A vigilância é essencial para quem deseja a mente saudável.
Nossa tarefa é observar cada pensamento que se infiltra, analisar a natureza dos sentimentos que surgem.
E, principalmente, estar alerta para arrancar como erva daninha tudo o que possa nos prejudicar.
Dado esse primeiro passo que é a vigilância, é importantíssimo estar atento para a segunda recomendação de Jesus: a oração.
Quando identificamos dentro de nós os feios sentimentos, as más palavras e os pensamentos desequilibrados, sempre podemos recorrer à oração.
A prece é um pedido de socorro que dirigimos ao Divino Pai. Quando nos sentimos frágeis para combater os pensamentos infelizes, é hora de pedir auxílio a Deus.
É tempo de falar a Ele sobre a fraqueza que carregamos ou a tristeza que nos abate. É o momento de pedir força moral.
E o Pai dos Céus nos enviará o auxílio necessário.
Mas... de nossa parte, é importante não haver acomodação. É preciso trabalhar para ser merecedor da ajuda que Deus nos manda.
Como fazer isso? Contrapondo a cada mau pensamento os vários antídotos que temos à nossa disposição: as boas atitudes, o sorriso, a alegria, as boas leituras.
Em vez da maledicência, a boa palavra, as conversas saudáveis.
No lugar da crítica ácida, optar pelo elogio ou pela observação construtiva.
Se surgir um pensamento infeliz, combatê-lo com firmeza.
*   *   *
Não se deixe escravizar.
Se alguém o ofender ou fizer mal, procure perdoar, esquecer. E peça a Deus a oportunidade de ser útil a essa pessoa.
Não esqueça: todo dia é excelente oportunidade para iniciar a limpeza da casa mental. Comece agora mesmo.

Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v.13, ed. Fep. Em 13.07.2009.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

TEMPO E OPORTUNIDADE




Troca-se um relógio com tempo rápido, por um relógio de horas longas. Para olhar a natureza, e apreciar os pássaros.
Troca-se um dia apavorado, preso, rápido, por um dia solto, leve e comprido. Para brincar e aproveitar a vida.
*   *   *
O poema singelo é de uma jovem estudante, de alguém que, mesmo em tenra idade, descobriu que o tempo é um dos bens mais preciosos que temos.
Nenhum dia é igual ao outro na natureza. Eles não se repetem, são únicos.
O homem é que os torna iguais, repetitivos, cansativos, quando simplesmente se esquece de dirigir a sua vida e permite que a vida o carregue.
É certo que o mundo moderno nos exige muito para acompanhá-lo, para estar em sintonia com tudo de novo que surge, mas poderíamos questionar: precisamos realmente de tudo isso?
Precisamos deixar que o trabalho nos escravize, que ocupe grande parte de nosso tempo, de nossas forças?
Precisamos estar sempre pensando na competição, em ser melhores do que os outros, em estar na frente das outras ideias, em estar sempre na vanguarda de tudo?
Será preciso acompanhar os modismos, as novidades das mídias, para nos sentirmos bem?
Se fizermos uma análise profunda, veremos que não, que não precisamos de muito do que temos, de muito do que dizem que devemos ter para construir uma vida agradável e feliz.
Para quem raciocina que tempo é dinheiro, talvez olhar a natureza seja perda de tempo, mas para quem já aprendeu a ver que tempo é oportunidade, descobrirá que apreciar os pássaros, passar mais tempo com a família, ouvir uma boa música, ler um bom livro, são oportunidades da vida bem aproveitadas.
Um pai, ou uma mãe que tomem a resolução de abrir mão de um sucesso maior na profissão, por acreditarem que necessitam estar mais próximos dos filhos, com certeza se sentirão mais realizados do que aqueles que lutam incansavelmente para dar tudo à família, e esquecem que a sua presença, a sua atenção, o seu tempo, é o que de mais valioso podem dar a eles.
Esta existência é uma oportunidade única, e é chegado o momento de despertar para os verdadeiros objetivos que devemos ter aqui.
É chegado o instante de redescobrir o tempo e a sua utilidade.
*   *   *
Que tal pensarmos: quando foi a última vez que dedicamos o dia para estar com os nossos afetos?
Quando foi a última vez que conseguimos nos desligar dos problemas profissionais, para nos ocuparmos com atividades filantrópicas?
Quando foi a última vez que paramos para ouvir, de corpo e alma uma música, deixando-nos penetrar pela harmonia?
Quando foi a última vez que lemos um livro nobre, uma página edificante?
Quando foi a última vez que lembramos que somos um Espírito imortal, e que nada levaremos deste mundo além das nossas conquistas morais?
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base em poema de Aline Bescrovaine Pereira, da coletânea Palavra viva, do Colégio Positivo, ano 1998. Em  15.5.2013.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO – Walter Oliveira Alves




Educação do Espírito
Walter Oliveira Alves

Todos são unânimes em afirmar a importância da educação. No entanto, o momento evolutivo que vivemos requer uma avaliação cuidadosa sobre o nosso sistema educacional e uma definição real do que seja educação.
Os sistemas educacionais, em quase todo o planeta, possui o mesmo modelo de formar um ser humano para obter sucesso na vida, ter um bom emprego, obter conforto e segurança, tornar-se uma pessoa importante, etc.
Parece tudo muito bom, mas então por que ainda existem crimes bárbaros, traficantes e usuários de drogas, tráfico de seres humanos e todo tipo de violência física e moral? O porquê das guerras que ainda persistem neste limiar do terceiro milênio? Por que o aumento das doenças físicas e, principalmente, mentais?
Qual o valor da capacidade técnica e industrial, se a utilizamos para nos destruirmos mutuamente? Somos educados para várias profissões dentro de um sistema que se funda na exploração, na concorrência, na disputa e no medo. Somos educados para lutarmos em nosso próprio interesse. Sem dúvida, isso criará dentro de cada indivíduo uma barreira psicológica que o separa e o mantém isolado dos outros.
E se o homem consegue a estabilidade, encontrará um cantinho sossegado, onde possa viver com o mínimo de conflito possível. Essa educação induz o indivíduo a adaptar-se a um padrão, eliminando a possibilidade de compreender a si mesmo e de desenvolver o imenso potencial que ele, como ser humano, possui.
Alguém poderia alegar que, contudo, a educação atual prima pela eficiência. No entanto, essa é a eficiência da ambição, que, sem o amor, gera a indiferença pelo outro ou, pior que isso, gera a crueldade e a guerra.
Nosso progresso tecnológico das últimas décadas é fantástico. A educação tecnicista tem produzido cientistas, engenheiros, médicos e conquistadores do espaço, mas não oferece uma visão global da vida e nem o conhecimento de si mesmo.
O especialista vive num só nível, sem perceber o processo global da vida. O homem que aprendeu a dividir o átomo não sabe "dividir a si mesmo" e ainda não aprendeu a amar.
A verdadeira educação, sem descurar da técnica, deve levar o homem a sentir o processo integral da vida e a descobrir o "porquê da vida".
A inteligência sem amor torna o homem egoista e até perverso. Até a justiça, sem amor, se torna implacável e pode se tornar vingança. A inteligência deve, pois, nascer do amor e não da astúcia e do egoísmo.
Além de tudo, podemos tirar diplomas e sermos mecanicamente eficientes em determinadas áreas sem sermos inteligentes. Inteligência não é mera cultura intelectual, nem conhecimento acumulado e nem se consegue com exames e diplomas.
A verdadeira inteligência é sabedoria, é capacidade de realização e, principalmente, capacidade de perceber o essencial, os reais valores da alma. A verdadeira educação nos ajuda a descobrir valores perenes, para não nos apegarmos a fórmulas, repetir slogans pré-fabricados e pensar dentro de uma rotina criada por interesses escusos.
A educação não deve estimular o indivíduo a adaptar-se a uma sociedade simplesmente, mas ajudá-lo a descobrir novos e verdadeiros valores que surgem com a investigação e não repetir conhecimentos anteriores. Tudo no Universo é dinâmico e caminha para a frente e para cima. Tudo evolui, melhora, progride.
A educação esta intimamente ligada à atual crise mundial, a esse caos universal que vemos atualmente. O educador sincero deve perguntar a si mesmo como despertar a inteligência e o sentimento do estudante para que as gerações futuras não produzam os mesmos conflitos e desastres.
Como criar um ambiente adequado ao desenvolvimento da inteligência, mas também do amor e da bondade, para que a criança, atingindo a madureza, seja capaz de atender aos graves problemas que a vida lhe oferecer? E, com certeza, vai oferecer problemas gravíssimos, como herança das gerações anteriores.
A educação atual não favorece a compreensão das tendências internas e das influências ambientais que condicionam a mente e o coração. Não oferece meios de romper esses condicionamentos para realmente "produzir" o homem integral e integrado no todo universal.
Somente a educação no seu aspecto amplo e espiritual nos ajuda a compreender o significado da vida e, principalmente, a conhecer a si mesmo.
O CONHECIMENTO DE SI MESMO
O autoconhecimento, não superficial, mas de forma profunda e integral, implica no domínio de si mesmo e na capacidade de auto-análise e direcionamento da energia mental para os canais superiores da vida.
Somente o autoconhecimento pode gerar a humildade por nos oferecer uma visão real de nós mesmos. Não havendo autoconhecimento, a expressão individual pode se transformar em arrogância, fortalecendo o egoísmo e o orgulho naqueles que se acreditam sábios ou "donos da verdade". De outro lado, a ignorância de si mesmo pode gerar a falta de confiança em si, a depreciação de seus valores interiores e até mesmo a perda do amor-próprio e a perversão. São os dois extremos do pêndulo da ignorância.
A confusão e o caos existente atualmente no mundo surgiu porque o indivíduo não foi educado para compreender a si mesmo e perceber os valores perenes da vida.
A verdadeira educação deve ajudar cada um individualmente a compreender as ilusões que ele próprio criou e torná-lo consciente das influências condicionantes que o cercam, limitando sua mente e lançando-o nas oscilações pendulares da ignorância de si mesmo.
A Doutrina Espírita nos apresenta um significado mais alto e mais profundo para a vida. Somos Espíritos imortais, filhos de Deus e dotados do germe da perfeição, da essência Divina e nosso objetivo é evoluir, num constante "vir a ser", rumo à perfeição.
O objetivo da vida não se restringe à Terra, mas à vida cósmica. Somos cidadãos do Universo. A vida continua além, muito além do aspecto biológico, extuando em plenitude pelo Universo.
A verdadeira educação auxilia o desenvolvimento das capacidades interiores, do imenso potencial do Espírito imortal que somos todos nós.
*
Além do reconhecimento de que somos Espíritos imortais, filhos de Deus, dotados do germe da perfeição, a Doutrina Espírita nos revela que vivemos muitas vidas, num processo evolutivo que se transcorreu em milênios anteriores.
Temos, pois, além de um futuro glorioso, um passado de experiências das mais diversas, que corresponde ao nosso inconsciente profundo.
A nossa mente, pois, é um campo de ação de várias forças, de naturezas elevadas e inferiores. Às vezes, os instintos que trazemos ainda de existências anteriores e as qualidades elevadas já conquistadas se entrechocam dentro de nossa própria mente, provocando conflitos interiores.
Muitas vezes, vivemos o "passado", vivenciando sensações antigas, que retornam, atendendo aos estímulos do meio. Muitos se entregam às mesmas paixões e até viciações antigas, ficando praticamente governados pelas forças cegas dessas paixões. Apegam-se a determinadas sensações de natureza inferior e não conseguem se libertar delas, estacionando temporariamente na escalada evolutiva.
A satisfação sensorial intensifica o impulso e gera, ao contrário do esperado, uma insatisfação psicológica, pois a alma foi criada para evoluir, avançar, progredir e, daí, surgem os tremendos conflitos mentais que perturbam nosso estado mental. O objetivo da vida é, acima de tudo, o desenvolvimento das faculdades superiores da alma.
Sem dúvida, é mais fácil entregar-se a impulsos que já existem dentro de nós. Corresponde à "porta larga" do evangelho.
O trabalho de construção mental, nos níveis superiores da mente, corresponde à "porta estreita" pois exige esforço próprio.
Mas se conseguirmos sintonizar a nossa mente com o mundo espiritual superior, podemos nos transportar ao estado mais sutil das vibrações que trazem saúde, paz, harmonia e felicidade.
Sempre que pensamos, manipulamos energia mental. Se o nosso pensamento está baseado nos aspectos superiores da vida, então a energia estará bem concentrada e conservada, sendo utilizada para as metas elevadas, dentro do ritmo evolutivo de cada um.
Quando é estimulado pelos impactos das sensações inferiores, então a energia mental é dissipada ou consumida pela luta interior ou conflitos interiores ao invés de ser utilizada na construção superior da própria mente.
Conduzir essa energia para os canais superiores da vida é nossa meta atual. Daí a importância de "conhecer a si mesmo", observar, analisar e estudar nosso próprio pensamento e as reações dele oriundas, sem ficarmos psicologicamente perturbados por ele.
Penetrar nas profundas sedimentações da mente, aquietando as emoções inferiores e reconduzindo nossa energia para os níveis superiores da vida espiritual, eis um dos grandes objetivos da educação.
A ENERGIA CRIADORA DA MENTE
A Doutrina Espírita, ao abrir a cortina do mundo espiritual, nos revela uma visão panorâmica da vida, até então desconhecida pela maioria dos homens: Somos essencialmente Espíritos, filhos de Deus, o Criador e, portanto, temos em nós a capacidade de criar ou produzir energia criadora que é a própria energia mental.
Sabemos que "o cérebro é o dínamo que produz a energia mental…" (Emmanuel), mas também sabemos, por André Luiz (diversas obras) que o cérebro é o órgão de que o Espírito se vale para se manifestar. É o Espírito quem pensa, sente e age, por intermédio do corpo físico.
Mas a produção, a qualidade e a intensidade dessa energia mental depende das potências do Espírito. Mas, quais são essas potências?
AS POTÊNCIAS DO ESPÍRITO
Léon Denis e outros autores nos afirmam que são três as potências da Alma: o amor, ainteligência e a vontade.
Amigos espirituais nos informam que o conhecimento (ou aspecto cognitivo) possui umaspecto estrutural e, como edifício do conhecimento, precisa ser construído tijolo por tijolo. Corresponde ao aspecto quantitativo da energia mental, o quanto o indivíduo sabe ou a abrangência de sua capacidade intelectual. Define a capacidade de entendimento e compreensão dos fatos, a sua "maneira de ver" o mundo.
O sentimento (ou aspecto afetivo) é energético e representa a qualidade da energia mental – sentimentos bons ou negativos.
vontade (ou aspecto volitivo) é energia ativa e representa a força que direciona a ação e define a intensidade dessa energia.
Para que a energia mental se produza, depende das estruturas mentais, ou do aspecto cognitivo, que corresponde ao aspecto quantitativo ou abrangência do intelecto. A qualidade, boa ou má, depende do aspecto afetivo, e a intensidade ou poder de penetração, depende do aspecto volitivo.
O Espírito se manifesta no mundo, físico e espiritual, através da inteligência, do sentimento e da vontade.
Tudo o que pensamos, sentimos e fazemos depende desses aspectos de nossa energia mental, energia criada pela nossa mente, mas também, energia criadora, causal. Utilizamos nossa mente para construir ou ampliar as possibilidades da própria mente, ou seja, de nós mesmos.
A educação do Espírito não pode, pois, descuidar de nenhum dos aspectos (cognitivo, afetivo e volitivo), pois deles dependem a produção, qualidade e intensidade dessa energia mental e, portanto, da amplitude da própria mente.
O desenvolvimento da inteligência e do conhecimento (aspecto cognitivo), através do conteúdo da "verdade universal" que a Doutrina Espírita nos apresenta, amplia as possibilidade do pensamento, melhorando o entendimento e a compreensão de si mesmo e das Leis que regem os mundos e os seres, propiciando uma mudança da atitude mental do indivíduo, desbloqueando as amarras mentais que ele próprio criou.
"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", afirmou Jesus.
O desenvolvimento do sentimento, em especial do sentimento de amor, ampliará consideravelmente o padrão vibratório do indivíduo, levando-o, cada vez mais, a sintonizar com as vibrações superiores que pululam no Universo de Deus em seu mais elevado sentido.
O desenvolvimento da vontade amplia a intensidade da ação mental, o poder de penetração em outras mentes, ou poder de indução, mas também a persistência na realização dos objetivos que define para si mesmo.
Hitler e Mussolini possuíam uma energia mental de grande intensidade (aspecto volitivo), com poder de indução nas mentes que com ele sintonizavam. Possuíam também, ao que tudo indica, o aspecto cognitivo bastante desenvolvido, mas o aspecto afetivo terrivelmente empobrecido.
Gandhi e Luther King também possuíam o aspecto volitivo muito desenvolvido, mas também o aspecto cognitivo e afetivo. A diferença entre eles é enorme.
Madre Tereza de Calcutá, Francisco de Assis são exemplos de um grande desenvolvimento afetivo, um amor imenso que se revelava em todos os seus atos, deixando transparecer as qualidades superiores de suas almas, em todos os aspectos.
O Espírito, filho de Deus, foi criado para a plena autonomia intelectual e moral. Mas somente logrará alcançar esse estágio através do desenvolvimento e equilíbrio entre todos os aspectos que interagem dentro de si mesmo. O maravilhoso em tudo isso é que as potências do Espírito, uma vez desenvolvidas, jamais retrocedem. A escalada evolutiva é um devir constante, rumo à perfeição.
A Doutrina Espírita, pois, inaugura um novo paradigma que nos conduzirá a uma nova etapa evolutiva, que os próprios Espíritos denominam de Era do Espírito.

Educação do Espírito
Introdução à Pedagogia Espírita
Walter Oliveira Alves
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...